
Sobre Neiva Moreira
José Guimarães Neiva Moreira (Nova Iorque, Maranhão - 1917) é
um dos raros políticos brasileiros que marcaram sua ação tanto dentro do estado
natal, o Maranhão, e do Brasil, como no exterior. Jornalista, publicista e
político, Neiva teve uma atuação intensa nos países emergentes,
transformando-se num dos grandes ativistas e teóricos do Terceiro Mundo, aquela
parte do globo que, na época da guerra fria, pairava entre os antigos blocos
Ocidental, comandado pelos Estados Unidos, e Socialista, liderado pela União
Soviética.
Sua resistência heroica à conspiração que redundou na
ditadura de 1964, ao liderar a Frente Parlamentar Nacionalista na Câmara dos
Deputados, a partir de 1961, o aproximou de Leonel Brizola, então governador do
Rio Grande do Sul e já transformado numa grande liderança popular. Os dois
passaram a percorrer o país pregando as reformas de base do presidente João
Goulart e articulando as forças nacionalistas contra o golpe que se avizinhava
e que acabou se efetivando em 1º de abril de 1964, pois tinha atrás de si o
envolvimento da maior potência estrangeira.
Neiva Moreira foi preso e depois obrigado a exilar-se na
Bolívia, de onde depois se mudou para o Uruguai, para, novamente com Brizola,
organizar a resistência à ditadura, que se prolongaria por 20 anos. Foi então
que entendeu que a crise brasileira jamais seria enfrentada efetivamente sem a
junção dos povos oprimidos, particularmente aqueles dos países vizinhos, que
sofriam as mesmas pressões que os nossos.
Paralelamente, ele assessora os governos nacionalistas do
general Alvarado, no Peru, de Perón, na Argentina, regimes que depois seriam
varridos pelas ditaduras que sufocariam praticamente toda a América Latina.

A história dos Cadernos do Terceiro Mundo, primeira
publicação a tratar especificamente da questão dos países emergentes, se
confunde com a própria vida atribulada de Neiva Moreira no exílio. Perseguido
pelos grupos terroristas de direita que acabaram se apoderando da maioria
daquelas nações, o velho maranhense às vezes era ultimado a deixar o país em 24
ou 48 horas, sob pena de ser assassinado, como ocorreu no Uruguai e depois na
Argentina. Esta situação insólita lhe permitiu, juntamente com o faro de um dos
melhores jornalistas brasileiros, penetrar a fundo na questão daqueles povos,
fato que o levou a escrever vários livros memoráveis: O Nasserismo e a
Revolução do Terceiro Mundo, para o qual entrevistou pessoalmente o presidente
egípcio e líder nacionalista, general Gamal Abdel Nasser; Uruguai, Banda
Oriental, Fronteiras do Mundo Livre, O Modelo Peruano e O Pilão da Madrugada,
livros de memória, em depoimento a José Louzeiro.
Neiva Moreira foi presidente nacional do PDT, líder na Câmara
por duas vezes, presidente da Comissão de Relações Exteriores e por fim
tornou-se um dos principais assessores do governador do Maranhão, Jackson Lago,
liderando do Palácio dos Leões a resistência à cassação de Lago, por fim
consumada, em 2009, por pressões da oligarquia maranhense.
POSTADO POR: jornaloprogresso-ma
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